Recebi ainda há pouco um e-mail muito interessante do Sr. José Luiz Prévide, jornalista, responsável pelo site "Porto Alegre é Assim!" http://www.palegre.com.
Entre os assuntos relacionados, está a publicação deste histórico de Juan Pedro Guillermo Maria de los Remedios Ganzo Fernandez. Muito bonito!
Leiam com atenção... vale a pena!
da Redação |
Avenida Ganzo A Ganzo sempre foi um ponto turístico de Porto Alegre, no bairro Menino Deus. Os próprios moradores cultivam com orgulho os jardins da avenida, tornando-a uma das belas vias do país. Até hoje é mantido o desenho original. Por ali morou em uma chácara um dos mais admiráveis estrangeiros que adotou, por um bom tempo, Porto Alegre como sua cidade. Além de fundar a primeira empresa de telefonia automática, criou o primeiro zoológico de Porto Alegre. Acompanhe a vida do coronel Ganzo. Raras personalidades no mundo foram tão fascinantes como Juan Pedro Guillermo Maria de los Remedios Ganzo Fernandez, o coronel Ganzo. Ele nasceu em outubro de 1868 no povoado de Yaiza, na ilha de Lanzarote, uma das Canárias, arquipélago espanhol. A mãe era dona de uma fábrica de tintas e o pai morreu antes do seu nascimento. Em 1882, quando tinha 14 anos, a família embarcou num navio e mudou-se para Montevidéu. Logo sua mãe abriu uma padaria e confeitaria que seria uma das maiores da cidade e adotou para sempre a nacionalidade uruguaia. Montevidéu já tinha um serviço de telefones. Graham Bell havia registrado a patente da invenção em 1876. Interessado, Juan fingia ser funcionário da telefônica para entrar nas casas e abrir o aparelho, em busca de segredos. Aos 17 anos, criou sua própria companhia de telefones em San José, a 100 quilômetros ao norte da capital uruguaia, estendendo suas redes em direção ao Brasil. Em 1899 suas linhas chegaram a Bagé, no RS, onde comprou também uma empresa local de telefones e energia. Ganzo veio definitivamente morar no Brasil em 1901, instalando-se em Bagé, na fronteira como Uruguai. Em 1922, o coronel Ganzo instalou em Porto Alegre a primeira central telefônica automática da América do Sul, três semanas antes de Buenos Aires. A novidade só chegou a São Paulo em 1928 e ao Rio de Janeiro em 1929. Em 1924, vendeu sua Companhia Telefônica Rio Grandense (CTR) a uma empresa americana para impedir que um sócio uruguaio em apuros tivesse prejuízo ao ter que vender apenas sua parte minoritária na empresa. Com dinheiro e sem a empresa, Ganzo tratou de investir em outras coisas. Morava numa chácara no Menino Deus, mais ou menos onde hoje está a avenida com seu nome. Levou para lá animais exóticos, por puro prazer. Leões, camelos e outros bichos atraíram a curiosidade dos vizinhos. Ganzo resolveu ganhar um dinheiro: cobrava ingresso. Nessa época, encontrou em Buenos Aires um amigo e foi assistir a um leilão no porto. Acabou comprando um grande barco de passageiros. Passou a explorar uma linha regular entre Montevidéu e Buenos Aires. Historinha: Em 1912, enviou o filho mais velho, Juan Carlos, para terminar o curso de engenharia na Europa. O rapaz estava na Alemanha quando estourou a Primeira Guerra Mundial, mudando-se para a Suíça. Pelas agruras da guerra, os cigarros valiam ouro. Juan Carlos vivia com o contrabando de cigarros enviados pelo pai, enrolados em jornais brasileiros, via correio. Outra história: Em 1936, juntamente com outros sete sócios brasileiros, argentinos e uruguaios fundou a refinaria de petróleo Ipiranga, em Rio Grande. Deixou a sociedade em 1938, quando um decreto de Getúlio Vargas proibiu que empresas de petróleo tivessem estrangeiros como sócios. Mesmo tendo filhos nascidos no Brasil, preferiu vender sua parte, em solidariedade aos sócios argentinos e uruguaios. A professora Doris Fagundes Haussen conta em Memórias das profissões e da mídia regional: trajetória do Rádio que “dos pioneiros da radiodifusão gaúcha convém destacar o papel desempenhado pelo coronel Ganzo, que trouxe a idéia da radiodifusão para o RS, inspirado em suas viagens a Europa e à Argentina, onde também se desenvolviam experiências. Também o seu filho, Edison Ganzo, veio a participar da criação da pioneira Rádio Sociedade Rio-Grandense e da Rádio Sociedade Gaúcha. Ganzo era uma empreendedor insaciável. Em 1920, não havia um sistema de telefones integrado em Santa Catarina. Florianópolis e Joinville tinham dois sistemas locais próprios. A empresa Triks & Elkhe tinha a concessão do serviço da capital desde 1907, por um prazo de 20 anos. Quando terminou o prazo, o governador Adolfo Konder, irmão do então ministro da Viação e Obras Públicas, Víctor Konder, resolveu ousar. Adolfo conhecia pessoalmente Juan Ganzo e sabia que o coronel, com 59 anos, havia vendido sua empresa telefônica no RS para os americanos. Tinha que tentar levá-lo. O governador convidou o coronel para mudar-se para Florianópolis e construir a primeira companhia telefônica nacional. Ganzo aceitou o desafio e enviou o filho Juan Carlos para dar início a uma nova empresa. Em 1930 mudou-se para a ilha e oito anos depois transformaria a empresa numa sociedade anônima chamada Companhia Telefônica Catarinense. Em 1969 foi estatizada como Cotesc, precursora da Telesc. Juan Ganzo Fernandez morreu aos 88 anos, em Florianópolis, em dois de abril de 1957. |
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