25 abril 2007

A Família de Pedro Duque de Saavedra e Virgínia Ganzo Duque


Nesta foto, enviada por Carlos Saul Duque, aparecem, Alfredo Fedrizzi (esposo de Flor de Maria), Flor de Maria e alguns de seus irmãos: Teresa, Adão, Maria Ester, Amélia e Moisés e ao centro, Mamá Virgínia (sua mãe).
Flor de Maria foi uma das filhas de Virginia Ganzo Duque e Pedro Duque de Saavedra. Ela casou-se com Alfredo Fedrizzi e mudou-se para Caxias do Sul/RS.


Na localidade de Las Piedras, um distrito do Departamento de Canelones, na República Oriental do Uruguai, vivia um casal de imigrantes espanhóis: Pedro Duque de Saavedra e Virgínia Duque Ganzo. Ambos vieram das Ilhas Canárias. Ele de Lanzarote e ela de Santa Cruz de Tenerife. Conheceram-se na América, namoraram e casaram. Pedro conheceu Virgínia por intermédio de Juan Ganzo, irmão dela. Os dois, trabalhando juntos, introduziram no Uruguai os serviços telefônicos; anos depois realizaram o mesmo serviço no estado do Rio Grande do Sul, para onde vieram.
Depois de trabalhar na implantação dos serviços de telecomunicações uruguaios, Pedro tornou-se fazendeiro, especializado na criação de gado. Teve duas fazendas: uma no Uruguai, onde residia, e a outra no município gaúcho de Itaqui, onde morava seu filho mais velho, Angel.
Ainda em Las Piedras nasceu sua filha, que foi batizada com o nome de Flor de Maria. Isto aconteceu a 12 de julho de 1907. (...)
(...) Aos dez anos de idade Flor de Maria mudou-se, juntamente com seus pais, para Porto Alegre, no Brasil. (...)

Flor e Alfredo, 50 anos
Capítulo III, págs. 29 e 30
Publicado pela CooJornal

Pedro Duque de Saavedra e Virgínia Duque Ganzo
Mudaram-se para Porto Alegre em 1917
Pedro Duque, após aposentar-se, foi gerente do Zoológico Ganzo em Porto Alegre (atual rua Ganzo).

Obs. Agradecimento especial ao primo Carlos Saul Duque. Obrigado Carlos, sem sua ajuda não seria possível reconstituir esta hitória.

24 abril 2007

Irmãos

Vendo esta foto, pensei... como a nossa vida passa rápido! Num momento somos crianças cheias de vitalidade, correndo entre as asas de nossos pais e querendo alçar vôos independentes. Queremos ser grandes, adultos! Apressamos nosso relógio da vida para que o tempo vôe. E ele voa... vai fluindo... nos levando... e a nossa infância vai ficando para trás, tímida, quase sem lembranças.
Já adultos, começamos a nos preocupar com a velhice e a perceber como éramos bobos em querer ser adultos... pra quê? Uma pergunta que após anos de crescimento, torna-se forte o bastante para com sua força derrubar-nos ao chão e implorar por vitalidade e a eterna juventude. Mas é tarde demais! Nossas preocupações de adulto consomem nossas vidas e deixamos de apreciar demasiadamente sua beleza. Bate o arrependimento de não mais termos mantido nossos laços familiares, de não mais termos visitados nossos entes queridos. Percebe-se tarde demais que os tempos são outros e não há como voltar!
Amigos, primos, tios, a todos os que me tem na estima, desculpem-me por ser tão individualista, por não os conhecer. A vida nos prega peças e esta é apenas mais uma delas. É uma pena, mas como muita coisa nesse mundo, há de se dar um jeito.
Gostaria sim de conhecer meus primos, tios... todos! Seria uma grande honra saber seus nomes, idades, famílias... sua história! Aqui apenas escrevo uma mínima parte da que passou!

Nesta foto acima, revejo a tia Bertita Ganzo Fernandez ao lado de seus irmãos, Edson, Franklin e Diamela. Todos já com idades avançadas. Quantos anos se passaram... não estão mais aqui... ficaram as fotos e a saudade!

Vivam suas vidas da maneira mais sensata. Não apressem o relógio, cuidem bem dele, para que não venha a parar em uma de suas voltas tão cedo. A vida é preciosa e todos nós precisamos de muito mais do que saúde para mantê-la, precisamos de paz e de muito amor. Cuidem-se e não arrisquem demasiadamente. Revejam seus conceitos... vale a pena mudar. Só sentimos que erramos quando já foi... já era! "Ainda dá tempo" como diz um amigo meu. É verdade... ainda dá tempo!

Os Ganzo Que São Duque

Pedro Duque e Juan Ganzo Fernandez.
Pedro Casou-se com Virgínia Ganzo Fernandez, irmã de Juan.Mudaram-se para Porto Alegre/Brasil em 1917. Seu filho Saul Carlos Ganzo Duque mudou-se para Santa Catarina junto com seu tio Juan Ganzo Fernandez, na ocasião da instalação da Cia. Telefônica Catarinense, provavelmente no ano de 1927. Saul já estava casado com Carlota Sanches e tiveram três filhos: Carlos Duque, Gil Duque e Solange Duque. Desde então, o sobrenome Ganzo não é mais utilizado! Gil Duque é o pai das primas Denise, Kiti, Eliane e Rosane Duque. E Carlos Duque é o pai do primo Carlos Saul, Letícia e Guilherme Duque.




Olá minha família... primeiramente quero lembrar-lhes os motivos que me levam a escrever neste blog: Resgatar nossas origens, descobrir nossos familiares, reunir nossa família. E é isto que irei tratar hoje, com emoção!

Poucos dias atrás, em conversa com minha mãe sobre os Ganzo, perguntava eu a respeito de um tio que minha mãe já havia comentado e que ela lembrava o nome, dele e de alguns outros: Saul Duque, Solange Duque, Adão Duque... e lembra que o Saul Duque tinha um hotel (Hotel Duque ?) em Blumenau. Pois bem, lembrou-se também de ter conhecido uma prima que teria feito ginástica na Academia Albertina Ganzo de Danças, de sua propriedade. Questionei o nome desta prima e pedi para que minha mãe localizasse a ficha de matrícula e talvez o telefone. Naquela mesma noite, minha mãe ligou para o número encontrado e deixou recado. Ligou-me em seguida passando o número e da mesma forma... deixei recado! A surpresa foi que no dia seguinte, esta prima nos retorna a ligação... seu nome: Denise Franco Duque! Afinal, encontrei mais primos espalhados. Que legal... estou tão feliz! Agora, já pude trocar idéias, dados que faltavam para a árvore genealógica e também novos amigos.
Estamos agora todos adicionados ao Orkut e podemos nos comunicar há qualquer momento.
Soube também, que seu avô, Saul Duque, deve ter se desentendido com os familiares na época, a ponto de não assinar mais o sobrenome Ganzo. Assim, todos de sua descendência acabaram por anexar apenas o Duque ao sobrenome. Ora... ainda são os Ganzo, primos, família.
É um prazer enorme poder lhes conhecer. Sejam bem-vindos à família Ganzo!
Através da Denise Duque, já contactei com Cristiane Duque, Eliane Duque e o primo irmão delas, Carlos Saul Duque.
Agora, vamos tentar juntos levantar mais dados, mais fotos, mais histórias... tentar nos reunir e de uma vez, esquecer as diferenças entre os familiares... vamos penasar positivo e sentir o prazer de termos uma família.
Um grande abraço a todos e uma ótima semana!!!

Obs. Tive o imenso prazer de receber mais alguns detalhes desta história. Desta vez, do primo Carlos Duque, filho de Saul Duque. Conta-me ele que Saul Duque teve dois hotéis em Blumenau. O primeiro era o Hotel das Palmeiras e era de propriedade da família. Após vendê-lo, arrendou o segundo, que se chamava Hotel Holletz.

23 abril 2007

Refinaria Ipiranga e Juan Ganzo - Outra reportagem

Juan Ganzo Fernandez de terno branco a esquerda e Juan Carlos Ganzo Fernandez, quarto a direita (terno cinza).

Mais uma reportagem sobre a venda da Ipiranga! O nome de Juan Ganzo Fernandez é mais uma vez lembrado. O único lamento é o fazerem após 50 anos de sua morte!





Luis Nassif: A saga da Ipiranga

Luís Nassif / Gazeta de Ribeirão
A saga da Ipiranga
Vendida na semana passada para a Petrobrás, Brasken e Ultra, a Ipiranga é a própria história do setor petrolífero brasileiro. Foi a primeira refinaria a operar comercialmente no Brasil, em Uruguaiana, abastecida por petróleo cru da Argentina.
Em 1933, o pecuarista brasileiro João Francisco Tellechea, junto com Eustáquio Ormazabal, comerciante e pecuarista argentino naturalizado brasileiro, mais os argentinos Raul Aguiar e Manuel Morales, e Varela, grande advogado argentino, decidiram criar uma pequena empresa de derivados de petróleo, a Destilaria Rio-Grandense de Petróleo. Começou a operar em 26 de novembro de 1934, com produção de cerca de 400 barris/dia.
O transporte de matéria prima era desafio parecido com o de Aníbal, o Cartaginês, para chegar a Roma. Os navios-tanque, com petróleo cru, contornavam o sul do continente, atracavam no porto de Buenos Aires, de onde o petróleo ia de trem até a argentina Paso de los Libres, cruzava o rio Uruguai em uma chata-tanque e era desembarcado direto na Destilaria.
A Destilaria tinha pouco mais de um ano de vida quando, em 1936, o governo Perón proibiu a reexportação de petróleo a partir do território do país. Fixava um prazo de doze meses para interromper definitivamente o fluxo.
Um segundo grupo de empresários do cone sul –os uruguaios
Juan Ganzo Fernandez, Numa Pesquera, Luiz Julio Supervielle e os brasileiros Her Ribeiro Mattos e Oscar Germano Pedreira – tinham planos para uma segunda destilaria, em Santana do Livramento, na fronteira com Uruguai, de onde contavam trazer o petróleo cru.
Percebendo as dificuldades, os dois grupos decidiram unir esforços. A solução encontrada foi juntar os capitais e construir uma nova unidade, na cidade do Rio Grande, para armazenar 80 mil barris de petróleo cru. Em 6 de agosto de 1936 nascia a Ipiranga S.A. Companhia Brasileira de Petróleos. O custo da refinaria era de 12 milhões de dólares. O capital foi dividido em partes iguais entre os brasileiros, os argentinos e os uruguaios.
A criação do Conselho Nacional de Petróleo, pelo Decreto-Lei n° 395, de 29 de abril de 1938, interrompeu os planos. O setor foi nacionalizado, obrigando os acionistas estrangeiros a venderem sua parte. O advogado Varela representava na Argentina o escritório de Eduardo Americano , onde trabalhava o jovem advogado João Pedro Gouvêa Vieira. Por indicação de Varela, João Pedro foi incumbido de fazer a petição para o presidente do CNP, solicitando que não aplicasse efeito retroativo à lei.
Fartos do Brasil, os argentinos ofereceram a João Pedro sua parte no negócio. A entrada seriam os honorários devidos. O restante seria pago em dez anos.
À medida que a Ipiranga foi crescendo, para subscrever os aumentos de capital João Pedro foi vendendo parte de suas ações a Francisco Martins Bastos, grande amigo e engenheiro responsável pela montagem da Ipiranga.
Nos anos 30, a Ipiranga foi fruto de uma fantástica visão modernizadora, de grupos familiares juntando seus capitais. Em 2007 foi vítima do anacronismo, de não ter sabido como estabelecer uma governança que colocasse a empresa a salvo das disputas familiares.
Refinarias 1
Quando houve a montagem das primeiras refinarias brasileiras, em 1945, o líder da Ipiranga, João Pedro Gouvêa Vieira, foi pressionado pelo coronel João Carlos Barreto, diretor do Conselho Nacional do Petróleo (CNP) a se transformar em uma espécie de testa-de-ferro da Golf Petróleo, petrolífera americano que tentava enfrentar o domínio da Standard Oil no Brasil. Barreto substituíra o coronel Horta Barbosa no CNP.
Refinarias 2
Na licitação promovida pelo CNP, o critério utilizado foi o das relações pessoais e políticas. Embora sem tradição na área, e sem capitais, foram beneficiados os grupos Soares Sampaio e Peixoto de Castro. Depois de obtidas as concessões, eles trataram de ir atrás de sócios que dispusessem de capital e de conhecimento. Apesar de pioneira, a Ipiranga se considerou prejudicada pelas regras de concessão.
Refinarias 3
A refinaria precisava produzir quatro produtos básicos para colocar no mercado, mas a legislação os obrigava a colocar quantidades iguais de gasolina, diesel, óleo querosene e óleo combustível. Havia dificuldade na colocação do óleo combustível, devido a problemas de armazenamento, o que dificultava a colocação dos demais subprodutos. Esse era um dos fatores que inviabiliza um refino brasileiro.
Refinarias 4
Mas o principal problema era a concorrência com os importados. A defesa do setor era uma lei que proibia as companhias estrangeiras de importar produtos de petróleo produzidos internamente. Mas ela nunca havia sido aplicada. Quando o coronel Barreto perguntou a João Pedro o que poderia viabilizar as refinarias, ele indicou a lei. O governo Vargas passou a aplicar, então, a lei, viabilizando as companhias.
Refinarias 5
O grande apoio que o Brasil teve para o sucesso da lei foi o trabalho persistente do embaixador americano Adolfo Berle Jr que passaria injustamente para a história como golpista. Especialista em direito econômico, percebera o mal que a concentração produzia, além de ter testemunhado os estragos que as sete irmãs petrolíferas fizeram em outros países latino-americanos, especialmente na Venezuela.
Refinarias 6
Coube a Berle Jr rebater o formidável poder da Standard Oil. Sua atuação só veio a público nos anos 90, quando o historiador Stanley Hilton divulgou as correspondência diplomáticas e a extraordinária atuação de Adolfo Berle Jr em favor do Brasil. Ele fazia parte dos homens de Roosevelt, que ajudaram na implantação da New Deal, o programa de recuperação econômica americana dos anos 30.



Blog: www.luisnassif.com.br

19 abril 2007

A Petróleo Ipiranga e Juan Ganzo Fernandez

Juan Ganzo Fernandez aos 50 anos.


Na minha incansável busca por dados que possam nos reconstituir a obra e a vida de nossos antepassados, mais uma vez vasculhava a internet e por coincidência, deparei-me com estes artigos publicados no Jornal Agora de Rio Grande, RS, datados de 10 e 17 de abril (sábados).
Lendo o artigo, percebe-se que fôra dividido em capítulos... provavelmente, 3 capítulos que estão sendo publicados semanalmente. Aqui, trago os capítulos 1 e 2 da matéria. No sábado, 21 de abril de 2007, estarei publicando o terceiro capítulo.
Os links diretos às páginas deste jornal são estes: http://www.jornalagora.com.br/site/index.php?caderno=46¬icia=30054
http://www.jornalagora.com.br/site/index.php?caderno=46&noticia=30309



Refinaria Ipiranga: o grão de areia que virou montanha

Há trinta anos atrás, um dos fundadores da Refinaria Ipiranga o Eng. Francisco Martins Bastos publicou um artigo chamado Nossa História na Revista Ipiranga (nº 68, ano 1977). Era a edição comemorativa aos 40 anos do surgimento da refinaria, a qual, neste ano de 2007, está completando 70 anos de existência. A transcrição que começa a ser feita nesta edição busca divulgar aos leitores a visão da história da Refinaria a partir de um dos principais personagens de sua trajetória: o engenheiro Bastos. Neste momento em que a empresa passa a ser administrada pela Petrobrás, amplia-se em nível local o interesse pela história e acontecimentos ligados a Ipiranga, que teve por berço Rio Grande e que daqui ramificou-se em empresas petroquímicas e de distribuição, que chegaram a um capital de bilhões de dólares.



AS PRIMEIRAS INICIATIVAS



No prefácio do artigo, Francisco Martins Bastos destacou as motivações que o levaram a escrever: "A história de um País ou de uma Companhia, poderá ser romanceada, diante de fatos passados que a imaginação do historiador faz aparecer como verídicos, uma vez que as fontes fiéis de informação são, muitas vezes, difíceis de ser encontradas. Nosso intuito ao escrevermos a história da Ipiranga é justamente evitar que – para o futuro – seja criado esse romance em torno dos fatos e aparecimentos da nossa Companhia, uma vez que hoje, para felicidade de todos, aqui trabalham muitos dos que colocaram as pedras dos alicerces da nossa Empresa e que poderão, como testemunhas, confirmar aquilo que nos propusemos escrever. Procuramos orientar a história da Ipiranga de forma honesta, clara e mais sucinta possível, sem prejudicar, com esta última característica, a apreciação detalhada dos eventos mais importantes. Desejamos, por outro lado, que todos os que aqui labutam possam dizer, sempre que necessário, como foi constituída a nossa Companhia, bem assim como ela se desenvolveu. Se alcançarmos esse desideratum sentir-nos-emos muito felizes e, acreditamos, teremos contribuído para que a nossa Empresa seja conhecida e admirada, pois é sabido por todos que ela nasceu como um grão de areia, sendo hoje uma montanha.
Para estudarmos a vida da Ipiranga, teremos de remontar à constituição da primeira refinaria de petróleo do país, a Destilaria Rio-grandense de Petróleo S/A, de Uruguaiana (RS), ali constituída em março de 1933, e que teve o início de sua operação no dia 26 de novembro de 1934. Um grupo de capitalistas de Uruguaiana que, por razões de ordem comercial ligadas ao mercado do Rio Grande do Sul, transacionava na Argentina, ficou, por esse motivo, vinculado a elementos que, naquele país, atuava, também, na indústria do petróleo. Foi assim que os comerciantes Eustáquio Ormazábal e João Francisco Tellechea, radicados em Uruguaiana, mantiveram contatos com os também comerciantes Raul Aguiar e Manuel Morales, este último forte acionista de uma pequena refinaria de topping localizada em Avellaneda, província de Buenos Aires, conhecendo, portanto, comercialmente, o problema do petróleo e seus derivados. Resolveram, essas pessoas, de comum acordo, montar uma refinaria similar à primeira, na cidade de Uruguaiana, nas margens do rio Uruguai, em frente à cidade Argentina de Passo de Los Libres. Encarregou-se do projeto o Eng. Esteban Polanski. O petróleo seria enviado à nova refinaria, em trânsito pela República Argentina até o porto de Buenos Aires, e dali transportado em vagões-tanques a Passo de Los Libres. Baldeado para uma chata-tanque, seria finalmente descarregado nos tanques da refinaria que se situava no outro lado do rio Uruguai.
A matéria-prima destinada a então primeira refinaria nacional, a Destilaria Rio-grandense de Petróleo S/A, era de origem equatoriana e adquirida da Lobitos Oilfields Limited. Trazido do terminal equatoriano até Buenos Aires, o petróleo era armazenado em tanques, pela própria transportadora, a Companhia General de Combustibles. Matéria-prima magnífica, utilizada, havia alguns anos, pela Refinaria El Condor, da Argentina. Assim, a Destilaria atendia inicialmente às praças de Uruguaiana, Alegrete, Quarai e Itaqui.
Entretanto, mal principiara a funcionar quando o governo argentino – no ano de 1937 – por um decreto-lei, proibiu a reexportação de petróleo através do seu território. Respeitou, porém, os contratos vigentes na ocasião dando uma demonstração de justiça. Concedeu à Destilaria Rio-grandense de Petróleo, S/A, o prazo de um ano para regularizar a situação, quanto à matéria- prima necessária à sua indústria. Após a expiração do prazo, ficaria impossibilitada de receber petróleo através de Passo de Los Libres. De um momento para outro, portanto, a Destilaria Rio-grandense ficou com um grave problema a resolver, com respeito ao suprimento do petróleo de que carecia.

CONSTITUIÇÃO DA REFINARIA

Procurou-se, então, a única solução viável para o caso: a instalação de um tanque de 80.000 barris no porto do Rio Grande. Receberia naquele tanque o petróleo bruto e o despacharia em vagões-tanques até Uruguaiana. Ao mesmo tempo em que a Destilaria Rio-grandense de Petróleo S/A, procurava uma solução para o seu suprimento, um grupo de capitalistas uruguaios entrava em entendimento com elementos brasileiros, para montagem de uma pequena refinaria em Santana do Livramento (RS), a qual deveria receber a matéria-prima em trânsito pela vizinha República Oriental do Uruguai. Esse grupo era integrado pelos senhores Juan Ganzo Fernández, Numa Pesquera, Luís J. Supervielle e Abel Pesquera.
As pessoas que faziam parte da Destilaria de Uruguaiana e da projetada refinaria de Santana do Livramento mantinham entre si relações de amizade, e, assim, não foi difícil encontrar-se um denominador comum que, indo ao encontro dos interesses de ambos os grupos, resultou na montagem de uma pequena refinaria no Rio Grande (RS) ao invés de seguir, cada grupo, os seus projetos iniciais.
A montagem da refinaria no Rio Grande visava evitar que a matéria-prima, armazenada no tanque de 80.000 barris, ficasse por um longo tempo sem ser utilizada, o que representaria uma imobilização muito grande de capital. Por outro lado, essa pequena refinaria utilizaria parte da matéria-prima estocada que não fosse empregada, de imediato, pela Destilaria Rio-grandense. Haveria, assim, uma mais rápida utilização do petróleo bruto recebido. Das conversações mantidas entre os dois grupos, resultou como melhor solução à montagem da refinaria no Rio Grande, para o que se constitui uma sociedade com a denominação de Ipiranga S/A, Companhia Brasileira de Petróleo. O ato de constituição dessa sociedade foi realizado em Porto Alegre, no dia 6 de agosto de 1936, assinando os representantes dos três grupos interessados. Pelo lado brasileiro, os srs. Eustáquio Ormazábal, João Francisco Tellechea, Her Ribeiro Mattos e Oscar Germano Pereira; pelo argentino, os srs. Manuel Morales e Raul Aguiar; pelo uruguaio, os srs. Juan Ganzo Fernandez, Numa Pesquera, Luís J. Supervielle, Carlos Alberto Clulow, Manuel Ferrería e Abel Pesquera. A primeira diretoria da Ipiranga S/A, Companhia Brasileira de Petróleo, ficou assim constituída: srs. Manuel Morales, Numa Pesquera, Eustáquio Ormazábal, Luís J. Supervielle, Her Ribeiro Mattos e Abel Pesquera.
As providências iniciais da Diretoria eleita tiveram como objetivo obter um terreno para a montagem da refinaria, e conseguir vagões-tanques para o transporte do petróleo bruto que deveria abastecer a Destilaria Rio-grandense de Petróleo S/A, em Uruguaiana. A Viação Férrea do Rio Grande do Sul adquiriu, então, os vagões necessários aquele transporte. O Governo do Estado, que tinha como mandatário o General José Antônio Flores da Cunha, cedeu, por arrendamento, 4 hectares de terra, localizados em frente ao porto do Rio Grande, junto à antiga Cia. Swift do Brasil S/A, a fim de que, nessa área, fosse instalada a nova indústria, que muito interessava ao nosso Estado". Na próxima edição terá continuidade a transcrição deste artigo de Francisco Martins Bastos. Nas fotos, a Refinaria Ipiranga em 1943.



O grão de areia que virou montanha II


Tem continuidade a transcrição do artigo do Eng. Francisco Martins Bastos chamado Nossa História na Revista Ipiranga (nº 68, ano 1977). O título da matéria "o grão de areia que virou montanha" foi retirado do próprio artigo de Bastos. Em seu relato, constata-se as grandes dificuldades para operacionalizar a refinaria em seus primórdios, num esforço continuado de administrações que se ramificou na distribuição, petroquímica entre outras atividades. O resultado de 70 anos de atividades está na recente venda do grupo quando os valores do negócio chegaram a 4 bilhões de dólares, o maior negócio já realizado na história do Rio Grande do Sul.
Nos banhados, surge a refinaria
"Como o Eng. Esteban Polanski se encontrasse acidentado na cidade de Buenos Aires, não lhe foi possível tomar o encargo de projetar a refinaria de petróleo a ser instalada no Rio Grande (RS). Dessa forma, encarregou-se do projeto o Eng. Eduardo Elli, tendo ficado estabelecido que a capacidade da refinaria seria de 1.500 barris por dia, sendo a matéria-prima fornecida pela Lobitos Oilfelds Ltd. Preparado o projeto e feita a compra da maquinaria que se tornava indispensável, foi providenciado o embarque do equipamento para o Rio Grande.
Tornou-se, porém, necessário obter permissão do Governo da União, que embargou a construção da refinaria, na área que o Estado lhe havia cedido por arrendamento. Alegou, para isso, que faltava ser referendado pelo Governo Federal o ato do governo gaúcho e que a área não poderia ser usada para o fim previsto, uma vez que havia um decreto-lei aprovando um plano de urbanização da mesma. Somente mediante um novo decreto anulando o anterior e depois de outro cedendo a área – que já havia sido arrendada – é que se poderia dar a licença federal para localização, ali, de uma indústria...
Diante desse impasse de solução difícil, para não dizer impossível, dada a premência do tempo, resolveu a diretoria procurar uma forma para resolver a questão, adquirindo uma área onde fosse possível instalar a refinaria, cuja maquinaria, em grande parte, já se encontrava no Porto do Rio Grande.
A solução não era fácil, porque o terreno a ser comprado deveria preencher uma série de condições, que o tornavam difícil de encontrar numa cidade antiga como o Rio Grande. Essas condições eram: área de 10 a 12 hectares; fácil ligação ao cais do porto através de oleoduto; fácil ligação à rede de água potável da cidade; fácil ligação à rede elétrica; ligação à linha da Viação Férrea e possibilidade de acesso rodoviário da refinaria à cidade. Sendo as dificuldades quase intransponíveis, vieram, todavia, evidenciar a grande vantagem de possuir a cidade um administrador inteligente, dinâmico e homem de visão. O Eng. Antonio Meireles Leite, então Intendente Municipal, não se deixou amedrontar pelas dificuldades surgidas e resolveu enfrentá-las, cooperando, ao máximo, para que a solução fosse encontrada. Procurou ele assim evitar que a nova indústria deixasse de se instalar no Município por falta de eficiente colaboração do poder público. Depois de um estudo minucioso do problema, chegou-se à conclusão que os únicos terrenos que preenchiam as exigências eram os localizados nos banhados do terrapleno Oeste. Esses terrenos, embora fossem mangues, poderiam ser aproveitados, uma vez aterrados. Ficavam perto do cais do porto, da rede hidráulica, da rede elétrica e, por eles, passava a linha da Viação Férrea.
A Intendência procurou então facilitar a solução do problema adquirindo do dr. Antonio Bento Primo duas áreas de terreno no terrapleno Oeste por 50:000$000 (cinqüenta contos de réis). Uma dessas, 12 hectares, foi imediatamente cedida, por venda, à Ipiranga pelo mesmo valor, fiando a Intendência, gratuitamente, com a outra área de 6 hectares, aproximadamente, no prolongamento da rua Duque de Caxias, por ter servido de intermediária no negócio. Ganhou, pois, a cidade do Rio Grande, graças à ação de seu intendente municipal, uma nova indústria e uma área de terreno. Estava vencida a primeira parte da batalha. O terreno havia sido conseguido, mas era um banhado sem qualquer acesso, a não ser a linha da Viação Férrea que passava em frente. Tratou-se com urgência de providenciar o aterro.
Mediante pagamento, o Governo do Estado autorizou que a draga que se encontrava em frente à estação marítima da Viação Férrea fizesse o recalque do aterro hidráulico necessário – cerca de 120.000 metros cúbicos – a fim de tornar o terreno em condições de receber as instalações da refinaria.
Diante da boa vontade encontrada por parte do Governo do Estado, do Governo do Município e da administração do porto local, iniciou-se imediatamente o aterro citado e, à medida que progredia, iam sendo levantados os edifícios que se tornavam mais necessários para o funcionamento da refinaria projetada. Iniciado o aterro em novembro de 1936, graças ao trabalho desenvolvido, já em 7 de setembro de 1937 a Ipiranga S/A, Companhia de Petróleos iniciava as suas atividades comerciais.
A fase de instalação, propriamente dita, havia sido vencida. O projeto fora executado com uma rapidez verdadeiramente surpreendente, considerando os recursos com que contávamos, naquela época, no Rio Grande. Os grandes problemas, entretanto, começavam a aparecer, pois numa refinaria, como em toda indústria, a máquina representa unicamente uma parcela da atividade. A outra, a mais importante, é o elemento humano, que faz essas máquinas produzirem dentro de satisfatórias condições técnicas e econômicas.
A indústria da refinação de petróleo era uma novidade no Brasil e, além disso, uma iniciativa ousada de um grupo de sul-americanos que, estimando a nossa terra, desejava encontrar uma solução para o problema que mais tarde viria a empolgar todos os brasileiros, os quais reconheceriam como de verdadeira importância para o país.
Não possuímos, entretanto, técnicos especializados em petróleo; também não dispúnhamos de operadores para as unidades da refinaria. Nas escolas de engenharia, a palavra petróleo praticamente não aparecia nos livros que usávamos e, em verdade, era um assunto desconhecido dos professores. Logo, os técnicos formados no Brasil eram alheios ao problema. Era, porém, entre esses técnicos, que a nova indústria deveria ir procurar os elementos que, mais tarde, representassem a garantia do sucesso da organização que surgia. O engenheiro que projetara a refinaria, por razões que aqui não cabem mencionar, desentendeu-se com a administração superior da sociedade, e os seus serviços foram dispensados.
Para trabalhar como operadores na nova indústria, foram enviados da Argentina três capatazes que se diziam experts em petróleo. Segundo alguns dos diretores, vinham com uma grande bagagem de conhecimentos teóricos e práticos, que os habilitavam como operadores de unidade de topping na Argentina. No primeiro contato com esses técnicos – ou melhor, com esses capatazes – verificamos que desconheciam completamente o problema. Apesar disso, possuíam maior experiência do que os elementos com os quais poderíamos contar aqui no Rio Grande, pois enquanto os capatazes argentinos já tinha lidado com petróleo, de uma forma ou de outra, os nossos nunca haviam visto essa substância!" Na próxima edição, terá continuidade a transcrição deste artigo de Francisco Martins Bastos. Nas fotos, panorâmica da Refinaria Ipiranga na década de 1940 e flagrante dos primórdios com destaque para o Eng. Bastos com roupa clara.

O grão de areia que virou montanha III

Continuando a transcrição do artigo do eng. Francisco Martins Bastos chamado Nossa História na Revista Ipiranga (nº 68, ano 1977), destacamos as dificuldades operacionais para o funcionamento da Refinaria em seus primórdios. A arte de refinar petróleo é relatada de forma coloquial e criativa, num período de aprendizagem quase artesanal.

A difícil arte de refinar petróleo

“Com o afastamento do engenheiro que projetara a refinaria, foi, então, por escolha dos diretores, designado um engenheiro brasileiro para assumir a superintendência da parte técnica. Esse engenheiro, desde os primeiros dias, vinha participando, ativamente, dos trabalhos de montagem das instalações.
A condição para assumir as novas funções, segundo declaração daquele técnico, fora de que, desconhecendo completamente os problemas fundamentais com que teria de lidar, só aceitaria a incumbência como simples administrador no âmbito geral da fábrica. Condicionou a sua permanência no cargo aos resultados que fossem obtidos na operação das unidades de destilação pelos capatazes vindos da Argentina. Aceitas as condições, procurou o novo administrador cercar-se de elementos que garantissem, pelo menos, o futuro da Companhia, dentro de um cenário o mais técnico possível. Com essa finalidade, foi a Porto Alegre e a outras localidades do Estado, contratar rapazes com cursos especializados no Instituto Parobé e outros estabelecimentos de ensino técnico, de reconhecido valor educacional. Esses moços, que seriamos futuros operadores da indústria, viriam aprender os segredos da refinação do petróleo, com os experimentados capatazes vindos de fora. Dentre os que vieram, até hoje, felizmente, ainda colaboram conosco, para o engrandecimento da nossa empresa, os senhores Dario Dolci e Amelito Barbosa. Os outros, por ocasião da Segunda Grande Guerra, foram seduzidos, por ofertas melhores de outras empresas e abandonaram a nossa Companhia.
Desde o início da montagem contávamos também com a colaboração de dois técnicos brasileiros, os engenheiros. Tomás Paes da Cunha Fº e Heitor Amaro Barcelos. Quando iniciávamos a operação das unidades fomos procurar também um químico, para que se encarregasse do laboratório. A escolha recaiu no químico industrial João Câncio de Miranda Jr.
A parte comercial da Companhia estava sendo cuidada por dois profissionais de nacionalidade uruguaia, que tinham experiência nesse setor, pois já haviam desempenhado cargos semelhantes na refinaria da Ancap, no Uruguai. Eram eles, o sr. Carlos Alberto Clulow, que exercia as funções de gerente, e o sr. Américo Proto Barbieri, seu assistente. A contabilidade estava entregue ao sr. Artur Luís Armando de Souza, que, anteriormente, havia exercido o cargo de contador da Destilaria Rio-grandense de Petróleo, S/A, de Uruguaiana. Com esses colaboradores e sem nenhum conhecimento da matéria, lançamo-nos à luta, dispostos a encontrar solução para os inúmeros inconvenientes de operação que surgiam a todo o momento e que se refletiam, de maneira desastrosa, na parte econômica e financeira da novel companhia que surgia.
Desde o primeiro momento, deparamos com uma série de dificuldades na operação das unidades. Eram elas decorrentes de defeitos de projeto e falta de conhecimento dos capatazes que haviam sido enviados pela refinaria de Buenos Aires para ensinar nossos operadores. Verificando que a situação cada dia se tornava mais difícil e que o nosso conhecimento técnico, na matéria, era praticamente nulo, resolvemos convocar uma reunião da diretoria, para expor claramente o assunto. Informamos, pois, que o problema operacional da unidade de topping ficava no seguinte pé: a diretoria deveria contratar imediatamente um técnico especializado em refinação de petróleo, que viesse examinar a refinaria, dando as sugestões precisas para remover as dificuldades encontradas e conseguir o seu perfeito funcionamento.
Recebemos, então, a visita do eng. Esteban Polanski, que desde o primeiro momento nos cativou em todos os sentidos, não só pela capacidade técnica com também por seu um profundo conhecedor da matéria. Capacidade de improvisação para resolver os problemas, simplicidade e modéstia, era o seu apanágio. Cremos que a simpatia foi recíproca, pois no mesmo dia ele comunicou aos diretores que ficaria no Rio Grande, para estudar os problemas que nos afligiam e ensinar aos técnicos locais a difícil e aqui desconhecida arte de refinar o petróleo.
Achou ser possível uma solução gradativa para as várias dificuldades, sem a necessidade de paralisação das unidades de refinação. Começaram então os engenheiros Paes da Cunha, Heitor Barcelos, Miranda Jr. e o Superintendente, a receber aulas ministradas pelo eng. Polanski. Esses ensinamentos eram ministrados à noite, uma vez que, no período de trabalho normal, a atenção de todos estava voltada para os serviços de rotina da Refinaria. Além desses serviços, da mais relevante importância, o eng. Polanski dedicava-se, na parte de laboratório, a orientar o nosso químico e, na parte dos projetos, a estudar as modificações mais urgentes na planta industrial, para fazê-la trabalhar economicamente. Depois de uma semana de estudos e trabalho intenso, já estávamos aptos a começar a ‘somar em petróleo’ e, com estas primeiras lições, a resolver os problemas mais simples que surgiam na parte operacional das unidades. Com isto, salvamos parte das vendas da Refinaria de um colapso.
Havia, entretanto, necessidade de introduzir muitas modificações na unidade, quando para atender a compromissos anteriores, o eng. Polanski teve de voltar a Buenos Aires. Deixou-nos, porém, trabalhos específicos para que os iniciássemos e executássemos nos três meses que deveria durar a sua ausência. Mesmo com as unidades em trabalho, deveríamos realizar as modificações planejadas, seguindo as normas por ele recomendadas, anotando todas as dificuldades que fossem surgindo na operação, a fim de que, na próxima vez, quando do seu retorno, pudéssemos discutir os casos em detalhes, com dados concretos. Tínhamos um mestre que sabia ensinar; que se havia tornado amigo de todos; e que se manifestara um grande idealista. Armados com os seus ensinamentos e edificados pelo seu espírito, lançamo-nos à luta pela emancipação técnica da Ipiranga (...) Graças ao ensinamento do eng. Polanski, à sua extraordinária capacidade de improvisação técnica, a Ipiranga deixou de sofrer um grande colapso, que certamente a teria levado ao insucesso e à falência. Esse colapso, do qual tanto nos avizinhávamos e do qual nos afastamos pelas mãos sábias do eng. Polanski, poderia mesmo ter desencorajado qualquer outro empreendimento similar no futuro, pois seria, sem dúvida, apontado como exemplo aos que se quisessem lançar num campo tão difícil e praticamente desconhecido em nossa Pátria.
(...) Estávamos todos empenhados em solucionar os problemas técnicos, pois deles dependiam, como era natural, a vida e a continuidade da nossa Companhia. Entretanto, talvez por ignorarmos naquela época os detalhes da parte comercial, não nos apercebíamos de um outro grave problema que se avizinhava, de proporções tais que bastante se assemelhava ao que havíamos vencido no setor da produção industrial. A refinaria produzia, os 4 produtos básicos: gasolina, querosene, óleo diesel e fuel oil (óleo combustível pesado). Não encontrava nenhuma dificuldade para colocar a gasolina e óleo diesel. Por outro lado, não consegui vender um litro de querosene, ou de fuel oil. Para obtenção de cada litro de gasolina tínhamos forçosamente de produzir uma determinada quantidade desses dois produtos. Assim, sendo limitada a nossa capacidade de armazenamento, chegaria o dia em que teríamos de parar a refinaria, por não haver onde estocar o querosene e o fuel oil. Morreríamos afogados nos produtos que estávamos produzindo”.
Na próxima edição, terá continuidade a transcrição deste artigo de Francisco Martins Bastos. Nas fotos, a construção do primeiro posto de vendas de combustível, o Posto Um; ônibus da Refinaria Ipiranga nos primórdios da década de 1940.


O grão de areia que virou montanha (final)

Nessa edição, encerro a transcrição do artigo do engenheiro Francisco Martins Bastos “Nossa História” na Revista Ipiranga (nº 68, ano 1977), salientando que devido aos limites de espaço, neste último número da série, adaptei algumas passagens da publicação original até o ano de 1953. Bastos prossegue o seu relato histórico até a década de 1970. O autor, que acompanhou desde os primórdios a trajetória da Refinaria Ipiranga e que teve destacada participação em atividades sociais, culturais e intelectuais na cidade do Rio Grande, é natural de Uruguaiana, onde nasceu a 1º de março de 1907. Portanto, o centenário do seu nascimento deve ser lembrado, assim como o bicentenário do Almirante Tamandaré, comemorado também em 2007.

A mentalidade do petróleo e superando dificuldades

“Mais uma vez, entretanto, a capacidade criadora do engenheiro Polanski veio em socorro da nossa Companhia. Vendo que não havia colocação para o fuel-oil – uma vez que, até então, as caldeiras a vapor existentes no Estado consumiam, em sua quase totalidade, carvão nacional ou lenha – o eng. Polanski resolveu montar, com a máxima urgência, uma fábrica de óleos lubrificantes, utilizando, como matéria-prima, o fuel-oil que não podíamos vender no mercado. (...) Iniciávamos assim a produção e a venda de lubrificantes para motores de combustão interna ou de explosão, bem como para máquinas a vapor.
(...)Quando o grupo de capitalistas que fundou a Ipiranga se lançou nesse empreendimento, não existia no país qualquer lei restritiva à aplicação de capital estrangeiro, bem como qualquer regulamentação ligada às atividades da indústria da refinação de petróleo. A Ipiranga era um empreendimento pioneiro, que vinha lutar por um lugar ao sol em nossa Pátria, procurando criar aqui uma mentalidade de petróleo que já existia, na época, na Argentina e no Uruguai. No Brasil, ninguém tivera a coragem de se lançar num empreendimento dessa natureza, temendo a concorrência das companhias distribuidoras já estabelecidas no mercado brasileiro. Obrigaram-se, assim, esses homens que organizaram a Companhia, a enfrentar a falta de confiança na parte de obtenção de créditos bancários, uma vez que os bancos não acreditavam – como a maioria dos que contemplavam a iniciativa – que uma empresa do porte da Ipiranga pudesse subsistir, concorrendo com outras entidades de grandes recursos e experiência.
Aliados às dificuldades de operações creditícias junto aos bancos, estavam os inconvenientes já mencionados, devendo-se o primeiro deles ao sentido técnico e o segundo a concorrência das companhias distribuidoras no mercado consumidor. Sendo assim, os trabalhos iniciais da Ipiranga foram pontilhados de obstáculos que, somente graças ao espírito forte dos que nela se encontravam e a fé que tinham no empreendimento, poderiam continuar sendo enfrentados e sobrepujados. Parece-nos hoje que uma força superior nos impulsionava ao trabalho, apesar de todos os empecilhos que nos surgiam pela frente. Dir-se-ia que se procurava saber se tínhamos ou não condições e capacidade de sobrevivência, na constante luta que enfrentávamos. Quando esse grupo de homens que sem esmorecimento se empenhava em perseguir um ideal e já começava a ter a esperança de que os problemas estavam em grande parte solucionados e que a indústria se firmaria economicamente, foi que desabou sobre eles o golpe maior, atingindo toda a Companhia. O governo, pelo Decreto-Lei 395, de 29 de abril de 1938, nacionalizou a indústria da refinação de petróleo, (...) só poderiam ser acionistas de refinarias de petróleo, brasileiros natos quando solteiros, ou casados com brasileiros natos, quando o regime matrimonial fosse o da comunhão de bens. Assim, com uma penada somente, foram postos fora da nossa Companhia e também fora do Brasil, aqueles homens que, por idealismo, tinham vindo arriscar o seu capital para criar uma nova indústria em nossa terra. (...) É de justiça que se preste uma homenagem a esses homens, de nacionalidade uruguaia e argentina, que foram enxotados da nossa terra, quando aqui vieram arriscar o seu dinheiro para criar alguma coisa útil ao futuro da Pátria. Com o passar dos anos eles poderão ser esquecidos, mas nós desejamos que, pelo menos nestas páginas, os seus nomes fiquem lembrados por alguém que os aponte como os pioneiros, que vieram criar no Brasil uma mentalidade nova e confiança na indústria da refinação do petróleo. São os seguintes: Numa Pesquera, Manuel Morales, Eustáquio Ormazábal, Juan Ganzo Fernandes, Raul Aguiar, Carlos Clulow, Manuel Ferrería, Abel Pesquera, Luis J. Supervielle, Júlio Mailhos e Angel Aller.
(...) Mal tínhamos recomeçado a vida normal, quando surgiu outro grande problema, que afetaria diretamente a vida da nossa Companhia. Em 1º de setembro de 1939, isto é, um ano depois de termos sofrido o impacto da nacionalização, estávamos enfrentando as dificuldades oriundas do início da Segunda Grande Guerra. Os seus efeitos, como era natural, teriam de se refletir na nossa indústria, que utilizava matéria-prima – petróleo – básica para as atividades bélicas. (...) Nessa época, a Refinaria Ipiranga importava o petróleo bruto da República do Equador. Os carregamentos passavam pelo Estreito de Magalhães utilizando navios petroleiros de bandeira argentina. O Brasil possuía somente dois petroleiros. O primeiro inconveniente surgiu com a falta de petróleo. Os beligerantes, desejando aumentar o volume dos seus estoques de petróleo, bem como de destilados, empenhavam-se em conseguir todos os navios disponíveis, para levar-lhes a matéria-prima ou os refinados de que careciam. Procuravam, em longos comboios, furar o bloqueio que os submarinos alemães impunham nas rotas de abastecimento. Além das nações em guerra, as neutras precisavam também dos mesmos produtos e, dessa forma, o petroleiro argentino deixou de transportar petróleo para o Brasil, passando a fazê-lo para a vizinha república que, como as demais nações, sentia os efeitos da guerra. Ficamos, assim, sem petroleiros e com grandes dificuldades para conseguir um, de bandeira neutra, que fizesse o abastecimento da nossa Refinaria.
(...) Em 1942, ainda cambaleantes sob o peso desses problemas, outro ainda mais grave veio aumentar o nosso pesado fardo, com a entrada do Brasil na guerra. Com isso o bloqueio alemão apertou ainda mais o cerco, de forma que ficamos impossibilitados de receber petróleo bruto de qualquer parte. (...) [Com o apoio do presidente Getúlio Vargas foi enviado] o navio Recôncavo para trazer do mar das Antilhas o nosso abastecimento de petróleo, através de uma zona intensamente vigiada pelos submarinos alemães. Felizmente, porém, a estrela da Ipiranga continuava a brilhar e o suprimento chegou ao Rio Grande, algum tempo depois, sem qualquer anormalidade. Com o recebimento desse carregamento de petróleo, a refinaria voltou a operar. Todos na Companhia eram conhecedores dos sacrifícios e incertezas, que representavam para o país, o transporte de um embarque de petróleo até o Rio Grande. Não desconheciam também o valor e os benefícios dele decorrentes, caso os produtos fossem racionalmente utilizados, movimentando nossas usinas, as máquinas das indústrias, a maquinaria agrícola, etc. (...) A nossa Companhia já era reconhecida de interesse militar (Decreto Lei nº 18730, de 16 de abril de 1945) e seus funcionários eram considerados como mobilizados na própria indústria (Decreto Lei nº 4.937, de 9 de novembro de 1942). Surgiu, assim, em decorrência das exigências do momento, uma nova indústria no país, na qual a Ipiranga foi também a pioneira e que significava, ainda a evolução da refinaria, já mostrando o grande papel que desempenharia no futuro, produzindo solventes especiais para a indústria nacional. Após a guerra, o aperfeiçoamento dos motores de explosão continuou a exigir uma gasolina com um índice de octanas superior ao usado antes do conflito, obrigando as empresas a adaptar as suas unidades de forma a atender as exigências do mercado consumidor. Iniciamos os contatos para a montagem de uma unidade de cracking em nossa planta industrial. (...) E, em 21 de setembro de 1953, com a presença do sr. presidente da República, dr. Getúlio Dorneles Vargas, inauguramos, oficialmente, as novas instalações, iniciando um novo período na vida da Ipiranga...”

16 abril 2007

Matéria sobre Juan Ganzo Fernandez

Juan Pedro Guillermo Maria de Los Remédios Ganzo Fernandez, Foto compartilhada gentilmente por Lótus Ganzo.


Recebi ainda há pouco um e-mail muito interessante do Sr. José Luiz Prévide, jornalista, responsável pelo site "Porto Alegre é Assim!" http://www.palegre.com.
Entre os assuntos relacionados, está a publicação deste histórico de Juan Pedro Guillermo Maria de los Remedios Ganzo Fernandez. Muito bonito!
Leiam com atenção... vale a pena!



histórias da rua da praia!
da Redação
Avenida Ganzo
A Ganzo sempre foi um ponto turístico de Porto Alegre, no bairro Menino Deus. Os próprios moradores cultivam com orgulho os jardins da avenida, tornando-a uma das belas vias do país. Até hoje é mantido o desenho original.
Por ali morou em uma chácara um dos mais admiráveis estrangeiros que adotou, por um bom tempo, Porto Alegre como sua cidade. Além de fundar a primeira empresa de telefonia automática, criou o primeiro zoológico de Porto Alegre.
Acompanhe a vida do coronel Ganzo.
Raras personalidades no mundo foram tão fascinantes como Juan Pedro Guillermo Maria de los Remedios Ganzo Fernandez, o coronel Ganzo. Ele nasceu em outubro de 1868 no povoado de Yaiza, na ilha de Lanzarote, uma das Canárias, arquipélago espanhol. A mãe era dona de uma fábrica de tintas e o pai morreu antes do seu nascimento.
Em 1882, quando tinha 14 anos, a família embarcou num navio e mudou-se para Montevidéu. Logo sua mãe abriu uma padaria e confeitaria que seria uma das maiores da cidade e adotou para sempre a nacionalidade uruguaia.
Montevidéu já tinha um serviço de telefones. Graham Bell havia registrado a patente da invenção em 1876. Interessado, Juan fingia ser funcionário da telefônica para entrar nas casas e abrir o aparelho, em busca de segredos.
Aos 17 anos, criou sua própria companhia de telefones em San José, a 100 quilômetros ao norte da capital uruguaia, estendendo suas redes em direção ao Brasil. Em 1899 suas linhas chegaram a Bagé, no RS, onde comprou também uma empresa local de telefones e energia. Ganzo veio definitivamente morar no Brasil em 1901, instalando-se em Bagé, na fronteira como Uruguai.
Em 1922, o coronel Ganzo instalou em Porto Alegre a primeira central telefônica automática da América do Sul, três semanas antes de Buenos Aires. A novidade só chegou a São Paulo em 1928 e ao Rio de Janeiro em 1929.
Em 1924, vendeu sua Companhia Telefônica Rio Grandense (CTR) a uma empresa americana para impedir que um sócio uruguaio em apuros tivesse prejuízo ao ter que vender apenas sua parte minoritária na empresa.
Com dinheiro e sem a empresa, Ganzo tratou de investir em outras coisas. Morava numa chácara no Menino Deus, mais ou menos onde hoje está a avenida com seu nome. Levou para lá animais exóticos, por puro prazer. Leões, camelos e outros bichos atraíram a curiosidade dos vizinhos. Ganzo resolveu ganhar um dinheiro: cobrava ingresso.
Nessa época, encontrou em Buenos Aires um amigo e foi assistir a um leilão no porto. Acabou comprando um grande barco de passageiros. Passou a explorar uma linha regular entre Montevidéu e Buenos Aires.
Historinha: Em 1912, enviou o filho mais velho, Juan Carlos, para terminar o curso de engenharia na Europa. O rapaz estava na Alemanha quando estourou a Primeira Guerra Mundial, mudando-se para a Suíça. Pelas agruras da guerra, os cigarros valiam ouro. Juan Carlos vivia com o contrabando de cigarros enviados pelo pai, enrolados em jornais brasileiros, via correio.
Outra história: Em 1936, juntamente com outros sete sócios brasileiros, argentinos e uruguaios fundou a refinaria de petróleo Ipiranga, em Rio Grande. Deixou a sociedade em 1938, quando um decreto de Getúlio Vargas proibiu que empresas de petróleo tivessem estrangeiros como sócios. Mesmo tendo filhos nascidos no Brasil, preferiu vender sua parte, em solidariedade aos sócios argentinos e uruguaios.
A professora Doris Fagundes Haussen conta em Memórias das profissões e da mídia regional: trajetória do Rádio que “dos pioneiros da radiodifusão gaúcha convém destacar o papel desempenhado pelo coronel Ganzo, que trouxe a idéia da radiodifusão para o RS, inspirado em suas viagens a Europa e à Argentina, onde também se desenvolviam experiências. Também o seu filho, Edison Ganzo, veio a participar da criação da pioneira Rádio Sociedade Rio-Grandense e da Rádio Sociedade Gaúcha.
Ganzo era uma empreendedor insaciável.
Em 1920, não havia um sistema de telefones integrado em Santa Catarina. Florianópolis e Joinville tinham dois sistemas locais próprios. A empresa Triks & Elkhe tinha a concessão do serviço da capital desde 1907, por um prazo de 20 anos. Quando terminou o prazo, o governador Adolfo Konder, irmão do então ministro da Viação e Obras Públicas, Víctor Konder, resolveu ousar. Adolfo conhecia pessoalmente Juan Ganzo e sabia que o coronel, com 59 anos, havia vendido sua empresa telefônica no RS para os americanos. Tinha que tentar levá-lo.
O governador convidou o coronel para mudar-se para Florianópolis e construir a primeira companhia telefônica nacional. Ganzo aceitou o desafio e enviou o filho Juan Carlos para dar início a uma nova empresa. Em 1930 mudou-se para a ilha e oito anos depois transformaria a empresa numa sociedade anônima chamada Companhia Telefônica Catarinense. Em 1969 foi estatizada como Cotesc, precursora da Telesc.
Juan Ganzo Fernandez morreu aos 88 anos, em Florianópolis, em dois de abril de 1957.

14 abril 2007

Uruguay, vizinhos ao sul

Verão de 2004... data inesquecível para nós. Meu pais passaram um mês no Uruguay e na última semana, nos juntamos a eles, naquela estada temporária.
Incrível, mas desde o primeiro momento em que pusemos nossos pés naquela terra maravilhosa, nos sentimos em casa. Provavelmente o sangue fluía com muita excitação... afinal... esta é a terra de nossas origens, nosso passado. E certamente, assim nos sentimos! O calor humano de seu povo, a delicadeza, a educação... tudo por lá é maravilhoso. Nos sentimos em casa! Meus filhos me pedem sempre para que retornemos ao Uruguay.
Ando pensando sériamente nesta possibilidade, ainda mais agora que descobrimos a porção oriental de nossa família. Seria uma grande honra retornarmos a este lindo país.

Anexo aqui, duas interessantes páginas da Web sobre o Uruguay. Visite-as... vale a pena sabermos mais sobre a terra de nossos avós!

Abraços a todos!


http://www.overmundo.com.br/imprime_overblog/uruguay-vizinhos-ao-sul
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_uruguai

07 abril 2007

Páscoa 2007

Foto de 1957, no casamento de meus pais. Da esquerda para a direita vemos entre tantos, o Tio Carlos Alberto Ganzo Fernandez, Tio Juancito (Juan Ganzo Fernandez Filho), minha querida avó Albertina Saikowska de Ganzo Fernandez, Florinda Ganzo (Negra), Vô Juan Carlos Ganzo Fernandez, minha mãe Clorinda Ganzo Pereira, meu avô por parte de pai, o amado vô Merico (Argemiro Afonso Pereira), meu pai Dalby Verani Pereira, minha outra saudosa e adorada vó, Lucinda Cascaes Verani, o tio Dalcy Verani pereira, Tia Adelaide Cascaes, Tia Sirley Pereira Bez, Tio Ivo Bez, Tio Ramirez Ganzo fernandez e Norberto Hill.




Mais um dia de chuva. Mais um daqueles dias que dá vontade de ficar o dia inteiro na cama. Mas... música tocando, músicas lindas, lentas... e vem a nostalgia. Aquelas lembranças que, de tão boas, insistem em se manter fortes na nossa memória. Passado e presente se misturam... afinal, é com estes acontecimentos que construimos o nosso futuro.
E aqui fico eu, viajando ao passado em meus pensamentos e revendo aquelas pessoas que nos precederam e nos ensinaram a razão de viver. Mesmo aqueles que não conhecemos... parentes, amigos, conhecidos... de certa forma todos contribuiram e continuam a contribuir para a formação de nossas qualidades. Nossas e de nossos filhos. Eles irão dar continuidade a esta linda história dos imigrantes de Lanzarote.
O tempo voa... em breve não estaremos mais aqui também! A vida é linda, mas precisa ser bem vivida. Respeito, perdão, amor... são palavras chaves neste intrigado jogo da vida. De nada nos serve viver sem prazer, sem amor, sem respeito... sem perdoar!!! Muitas vezes, descobrimos que aquelas histórias contadas sobre erros de alguns no passado, imperdoáveis ao longo da vida, não era lá isso tudo. Foram interpretações errôneas de atos honestos e bem intencionados.
Comigo aconteceu o mesmo... desliguei-me completamente de parte da família de minha esposa.
Pedi perdão anos depois... mesmo que ao meu ver, eu tenha sido correto em minhas afirmações, mas não me foi dado o perdão. Sabe, sinto muito por minha esposa e por meus filhos que não puderam mais conviver com a alegria que havia naqueles encontros da família. Éramos muito amigos... mas fazer o quê? O tempo se encarregará de corrigir os erros de alguns... ou esquecê-los.
Perguntei aos meus pais sobre certas intrigas na família Ganzo e descobri que, como citei anteriormente, má interpretações geraram certos desconfortos entre os familiares no passado.
Crescemos ouvindo estes erros, como verdades absolutas... e não são!!!
A quem tenha sido prejudicado por estes falsos julgamentos, peço que perdoe aqueles que o julgaram mal. Assim, poderemos ter a harmonia de que necessitamos para caminharmos juntos como uma verdadeira família.
Um grande abraço a todos e FELIZ PÁSCOA!

Victor Pacheco dos Reis Ganzo Pereira


Sabe... para falar de meu filho seria preciso muitos adjetivos. Esse rapaz é um doce... maravilhoso e amado. E assim que tento escrever algo... as recordações me acometem... são tantas e tão boas!
Lembro-me de estar na maternidade a espera de seu nascimento, com a companhia de muitos de nossas famílias, amigos... muita ansiedade... mas havia o fator surpresa: Eu jamais havia sido pai... não imaginava a reação que iria surgir... sabe, aquela sensação de "cair a ficha"? Foi isso que me ocorreu! Quando a enfermeira trouxe o neném, meu néném para olharmos... hummmmm... não consegui me conter. Aquela criaturinha de Deus em seu colo era meu filho! Meu FILHO!!! Maravilhoso... minha vida mudou desde então... a felicidade que trouxe a nosso lar, as nossas vidas... é grandiosa!
Este rapaz, hoje com 14 anos é um orgulho para nós... calmo, inteligente, tímido e muito querido.

Filho... te amamos muito! Estaremos sempre te acompanhando em sua jornada e no que depender de nós, jamais te decepcionaremos. Sabes que sempre contarás conosco!
Te desejamos muita sorte e principalmente, muita garra para ser um adulto vencedor! Você é meu ídolo! Te amo muito filhão!

03 abril 2007

Juan Ganzo Fernandez e os Blancos


Juan Ganzo Fernandez foi filiado ao partido Blanco no Uruguay. Participou ativamente da revolução de 1904 e também possivelmente de outras anteriores.
Esta foto, provavelmente datada de 1904, nos mostra creio eu, além meu bisavô (centro da foto, com a espada em punho), meu avô (Juan Carlos Ganzo Fernandez), ainda criança, aproximadamente com 12 anos de idade, sentado ao chão. Acredito ser ele, pois em outras fotos de meu avô ainda criança, percebe-se a semelhança. Recebi esta foto e mais algumas outras da senhora Lótus Ganzo Barcellos, de seu álbum particular.


La revolución de 1904
El 1º de enero de 1904, Aparicio Saravia se levantó otra vez contra el gobierno de Batlle. Ya habia estado enfrentado con el gobierno varias veces en los años anteriores; con sólo 14 años participó en la Revolución de las Lanzas (1870-1872), conducida por Timoteo Aparicio, y donde se ganó el apodo de "Cabo Viejo"; en 1875, con dos de sus hermanos se integraron a la Revolución Tricolor, siguiendo a Ángel Muniz; en 1886, con 30 años de edad, participa en la Revolución del Quebracho que duró una semana (26 al 31 de marzo). En los años 1893 y 1894 interviene en la guerra civil brasileña, donde es muerto su hermano Gumersindo. Después, en 1897 encabeza junto con Diego Lamas otra revolución contra las fuerzas gubernistas que luego de siete batallas (en una de ellas –Arbolito– murió su hermano Antonio, apodado "Chiquito") culmina con el Pacto de la Cruz, mediante el cual se renunciaba a la lucha armada, y se consagraba la representación de las minorías.
El 1º de marzo de 1903 inició su primer período presidencial José Batlle y Ordóñez; y como había cierta disconformidad por la concesión de las Jefaturas Políticas que les correspondían a los blancos, se suscribió el Pacto de Nico Pérez (22 de marzo de 1903), pero lo que no se solucionó por escrito fue el pedido nacionalista de que las fuerzas de línea no entraran en los seis departamentos administrados por los Blancos.

Y en enero de 1904, otra vez Saravia tomó las armas. La chispa que encendió la hoguera fue el envío de fuerzas militares del gobierno al departamento de Rivera, debido a la detención y posterior fuga hacia el Brasil, del hermano del Prefecto de Livramento. Aparicio Saravia consideró que ese envío de tropas violaba el pacto de Nico Pérez (que había otorgado seis Jefaturas Políticas a los blancos, entre ellas Rivera), e inició la guerra civil que durante ocho meses aquejó al país. Gubernistas y saravistas, se enfrentaron en combates con variada suerte. Se sucedieron los enfrentamientos de Mansavillagra, Illescas, Fray Marcos, Paso del Parque del Daymán, Tupambaé. La batalla decisiva fue la de Masoller, en la confluencia de los límites de los departamentos de Salto, Artigas y Rivera, junto a la frontera del Brasil. La misma se concretó el 1º de setiembre de 1904.

Ya terminada la batalla, una bala hirió gravemente a Aparicio Saravia, quien falleció el 10 de setiembre, en una estancia en territorio brasileño. Este suceso, dio el triunfo a los gubernistas, que celebraron el 24 de setiembre de 1904 la Paz de Aceguá con los revolucionarios.

Con Aparicio Saravia desaparecía el último caudillo, que había paseado su estampa por los campos de la patria, vistiendo su clásico poncho blanco.

(extraido de una nota del profesor José L. Guarino, publicada por EL PUEBLO, de Salto)