03 maio 2007

Iaiá querida

Iaiá, com o tio Carlos Alberto Ganzo Fernandez e minha mãe, Clorinda Ganzo Fernandez, em 1941.

Há alguns dias, após receber do João Alberto uma foto inédita da Iaiá, venho soliciatando minha mãe para escrever sobre ela. Levou dias, mas finalmente me entregou seu texto.
Para mim, no auge dos meus 40 anos de idade, as lembranças ora são carinhosas, ora hilariantes... Iaiá era uma mulher de personalidade muito forte. Pequenininha, mas com um coração gigante! Não havia quem não gostasse dela... prestativa, às vezes mandona... ela era ela mesma, personalidade forte e nem aí para os outros. Sempre tratáva-nos como seus filhos. Havia amor naquela mulher... muito amor.
Nós, netos de Juan Carlos Ganzo Fernandez e Albertina Saikowska de Ganzo, sentimos uma imensa alegria em relembrar desta linda criatura de Deus. Deus te abençõe Iaiá, te amamos!





Palavras de Clorinda Ganzo Pereira (Pochi):

"Faz muitos dias que não sinto ânimo para escrever. Minha vida deu uma reviravolta, parece que ficou de "ponta cabeça", mas hoje, falando sobre meus filhos na clínica de fisioterapia (onde faço fisioterapia para meu pé), falei muito da Iaiá. Ela faz parte integrante da minha vida e da de meus filhos.
Maria Luiza Rodrigues (Iaiá) começou a trabalhar na casa da mamãe dia 05 de janeiro de 1938, três dias antes de eu nascer.
Mamãe me contava que ela veio pedir emprego com uma filha de 8 anos, a Beatriz, que até hoje é uma querida amiga.
Não sabia a idade que tinha, pois só foi registrada em Palhoça(SC), onde nasceu, pelo meu pai.
Ela contava que a mãe dela tinha sido escrava e trabalhava na casa do governador Hercílio Luz como cozinheira. O fogão era de lenha e ela, com 8 anos já ajudava a mãe em cima de um caixote para ficar da altura.
Iaiá se tornou figura folclórica na rua Boacaiúva (Florianópolis, SC), onde morávamos. Todos a conheciam e a amavam... Era bondosa, caridosa, alegre, espirituosa. Era demais!
Tinha horror a tirar fotos. Por isso, quase não temos fotos dela. Quando sentia que iam bater fotos, saia rápido.
Quando tive meu 1° filho, ela sai pelas casas da nossa rua avisando a todos que eu tinha ganho um menino. No segundo filho, a mesma coisa. No terceiro, igual. No 4°, ela já dizia: "Outro menino!". Nos 5° e 6° filhos então, ela só dizia: "Não tem geito, só dá menino!".
Mas ela ficava contente com os meninos, amava todos, me ajudava muito com as crianças.
A Beatriz me fazia cachinhos nos cabelos todos os dias.
Iaiá faleceu dois anos após a morte do papai (Juan Carlos), ela sentiu muito a morte dele.
Morreu como um passarinho, como ela queria. Sempre dizia que estava contribuindo para um lar de velhos, porque não queria perturbar ninguém. Mas faleceu dormindo, na casa de meu irmão Beto.
Morreu como todos querem morrer... sem sofrer! Mereceu!"