31 outubro 2007

Juan Ganzo Fernandez declamando Poesia

Ontem, recebi um agradável telefonema... Rodolfo Bia Ganzo, nosso primo de Montevideo. Fez-me uma surpresa: conseguiu através de Luis e Laura Ganz, filhos de Edison Anibal Ganzo que a sua vez é filho de Manuel Ganzo (filho natural reconhecido do Coronel Juan Ganzo), estas duas faixas de um disco de vinil, provavelmente do início do século.
Foi um presente e tanto! Mas quem deveria ter recebido o presente era ele, pois aniversariou dia 28 de outubro... e eu dia 24! Parabéns Rodolfo e muito obrigado!
Bom, percebe-se que temos mais primos no Uruguay... Edison Anibal, Luis e Laura Ganz! Teremos imenso prazer em conhecê-los pessoalmente... quem sabe neste verão de 2008? Obrigado a todos pela colaboração!


Gracias y saludos


Parte 1
Parte 2



GASPAR NÚÑEZ DE ARCE
¡Treinta años!

1

¡Treinta años! ¿Quién me diría
que tuviese al cabo de ellos
si no blancos mis cabellos
el alma apagada y fría?
Un día tras otro día
mi existencia han consumido,
y hoy asombrado, aturdido,
mi memoria se derrama
por el ancho panorama
de los años que he vivido.

2

Y aparecen ante mí
fugitivas y ligeras
las venturosas quimeras
que desvanecerse vi:
la inocencia que perdí,
y aquel vago sentimiento
que animó mi pensamiento
cuando eran mis alegrías
las mágicas armonías
del mar, del bosque y del viento.

3

Han sido para mi daño
en la vida que disfruto
un siglo cada minuto,
una eternidad cada año.
El dolor y el desengaño
forman parte de mí mismo,
y el torpe materialismo
de esta edad indiferente
cubre de sombras mi frente
y abre a mis pies un abismo.

4

Sacude el mar su melena
de crespas olas rugiendo,
y con pavoroso estruendo
los aires asorda y llena.
Pero una playa de arena
su audaz cólera contiene…
¡Ay! ¿Quién habrá que refrene
el tormentoso oceano
que en el pensamiento humano
ni fondo ni orillas tiene

5

¡La razón!…Tanto se encumbra,
tan locamente camina,
que ya no es luz que ilumina
sino hoguera que deslumbra.
Al horror nos acostumbra,
siembra de ruinas el suelo,
y en su inextinguible anhelo
álzase hasta Dios atea
con la sacrílega idea
de derribarle del cielo.

6

He visto tronos volcados,
instituciones caídas,
y tras recias sacudidas
pueblos y reyes cansados.
Propios y ajenos cuidados
muévenme continua guerra,
y mi espíritu se aterra
cuando perdida la calma,
siento rugir en el alma
la tempestad de la tierra.

7

Cuando pienso en lo que fui
hondas heridas renuevo,
y me parece que llevo
la muerte dentro de mí.
No veo lo que antes vi,
no siento lo que he sentido,
no responde ni un latido
del corazón si a él acudo,
llamo al cielo y está mudo,
busco mi fe y la he perdido.

8

Infeliz generación
que vas, con loco ardimiento,
nutriendo tu entendimiento
a expensas del corazón.
Díme, ¿no es cierto que son
vivas tus penas y ardientes?
¿No es verdad que te arrepientes
presa de terrores graves,
de los misterios que sabes
y de las dudas que sientes?

9

¡Yo sí! Feliz si lograra
después de mis desengaños,
lanzar hacia atrás los años
que el destino me depara.
Pero, ¡ay! el tiempo no para,
ni tuerce su curso el río,
ni vuelve al nido vacío
el ave muerta en la selva
ni quiere el cielo que vuelva
la esperanza al pecho mío.

18 outubro 2007

Filmagens Antigas

Consegui disponibilizar este vídeo. Começa com o casamento de minha mãe e há outras filmagens onde aparecem vários familiares, entre eles, Juan Carlos Ganzo Fernandez, Albertina S. de Ganzo, Juancito Ganzo Fernandez, Franklin Ganzo, Vovó Clorinda, Tia Nena, Tia Dora, Norberto Hüll, Argemiro Afonso Pereira, Lucinda Cascaes Verani... deixaram muitas saudades!
A qualidade da imagem não está boa, mas vale o registro. Você vai precisar de um programa de video compatível com Windows Media Player.

04 outubro 2007

Biografia de Juan Ganzo Fernandez - Até 1927


JUAN GANZO FERNANDEZ 05.10.1872 - 02.04.1957



Espanhol, nascido nas Ilhas Canárias, Las Palmas, a 5 de outubro de 1872.
Em 1885 veio para o Uruguai, trabalhando um tempo na fábrica de tintas da família.
Em Montevidéu estudou, especializando-se em eletricidade. Era um admirador convicto do sábio Alexander Graham Bell, criador dos serviços telefônicos nos Estados Unidos, em 1876.
Idealista e empreendedor, acreditava ser a voz humana o natural meio de comunicação. Instalou linhas telefônicas em San José / Uruguai e ligou Montevidéu a Canelones, Florida e Santa Lúcia.
No Uruguai, Juan Ganzo Fernandez pertencia as fileiras do Partido Nacional, dos líderes blancos da família Saraiva, ao lado dos quais esteve lutando nas revoluções de 1897 e 1904. Das batalhas contra os colorados, conquistou o título de coronel, que ostentava com orgulho.
Convidado por Dr. Carlos Barbosa, Juan Ganzo Fernandez instalou telefonia em Jaguarão, Bagé e em muitos outros locais no Rio Grande do Sul.
Juan Ganzo Fernandez foi o Pioneiro da Telefonia no Rio Grande do Sul.
Em 1908, Juan Ganzo Fernandez criou, em Porto Alegre, a COMPANHIA TELEPHONICA RIO-GRANDENSE e, em 1922, introduziu o telefone automático, a fonografia e o serviço rádio-telefônico, ligando Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro. O Livro-Diário com a ata da fundação da Companhia Telephonica Rio-Grandense hoje está no acervo do Museu da CRT - Companhia Rio-Grandense de Telecomunicações, na Avenida Antônio de Carvalho, 555, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. O Museu reúne em seu acervo mais de 600 peças, entre aparelhos telefônicos, fotografias, livros, documentos, equipamentos, enfim, objetos que denotam a evolução das comunicações telefônicas em nosso Estado.
Em 1927 o Coronel Ganzo vendeu o acervo telefônico à ITT - International Telegraph and Telephone, empresa norte-americana, permanecendo como Diretor até 1940, quando passou a residir em Florianópolis, Estado de Santa Catarina, onde faleceu a 2 de abril de 1957.
Juan Ganzo Fernandez, a 7 de setembro de 1924, fundou, juntamente com o Dr. Décio Martins Coimbra, Diretor do Jornal "A Federação" e Augusto de Carvalho, a Rádio Sociedade Rio-Grandense, primeira emissora do Rio Grande do Sul. O transmissor foi doação de Juan Edison Ganzo Fernandez e Evaristo Bicca Quintana, que foram busca-lo em Buenos Aires, na Argentina, onde o rádio já estava bem mais desenvolvido. Foi o primeiro transmissor de radiobroadcasting que chegou ao Rio Grande do Sul. Juan Edison Ganzo Fernandez era filho de Juan Ganzo Fernandez, batizado conforme uma mania familiar de homenagear inventores, no caso, o da lâmpada incandescente, o norte-americano Thomas Alva Edison.
O Jornal "A Federação", tradicional jornal gaúcho diário, na data de 5 de setembro de 1924, na secção "Radiotelephonia", estampou, como subsídio histórico:
"No salão nobre da "Federação" reuniram-se numerosos amadores de radiotelephonia, resolvendo fundar uma sociedade no gênero das existentes no país e no estrangeiro. Aclamado para presidir os trabalhos, o Dr. Décio Coimbra, diretor desta folha, expôs os fins da reunião, propondo que se desse à novel Associação o nome de "Rádio Sociedade Rio-Grandense".
No mesmo Jornal "A Federação", edição de 8 de setembro de 1924, na página 5, temos a confirmação de que se cumpriu o previsto na Assembléia já descrita. O jornal, com destaque, estampou:

"A RADIOTELEPHONIA ENTRE NÓS inauguração da R. S. R. (Rádio Sociedade Rio-Grandense) suas primeiras irradiações

Inaugurou-se ontem, às 21 horas, num dos salões da Vila Diamêla, gentilmente cedido pelo Sr. Cel. Juan Ganzo Fernandez, a novel Rádio Sociedade Rio-Grandense, fundada por amadores residentes nesta Capital. O Sr. Eduardo Guimarães saudou o Presidente do Estado e demais autoridades afirmando:
"Já não há, conquista da nossa época, distâncias invencíveis, e as antigas morosidades do tempo e do espaço foram abolidas".
Programação inaugural:
- Lohengrin, de Wagner: Sonho de Elsa, pela Professora do Conservatório, Srta. Olinda Braga.
- Da ópera Thais, de Massenet: "Dis-moi que je suis belle", pela Srta. Aracy Godoy Gomes.
- "Ricordando", de Genero Napoli, pela Sra. Marques Pereira.
- "Polonaise", de Chopin, pela srta. Zaira Autran.
- "A Canção da Saudade", de Olegario Mariano, pela Srta. Diamêla Ganzo Fernandez.
Um mês depois, 7 de outubro de 1924, a secção "Radiotelephonia", do Jornal "A Federação", inseria a convocação para uma Assembléia Geral para eleição da primeira Diretoria definitiva da "Rádio Sociedade Rio-Grandense", marcada para o dia seguinte.
A mesma convocação anunciava que o número oficial de cem sócios já se elevara para trezentos. E relacionava seus nomes.
À 11 de outubro, à página 2 do mesmo jornal, divulgavam-se os resultados daquela Assembléia que teve por local os elegantes salões da "Rocco", a mais requintada confeitaria da época:
"Directoria eleita: Presidente: Juan Ganzo Fernandez; Vice-Presidente: Dr. João Alcides Cunha; 1º Secretário: Augusto de Carvalho; 2º Secretário: José Pessoa de Mello; 1º Thesoureiro: Dario Coelho; 2º Thesoureiro: Gustavo Leyraud. Conselho Diretor: Edison Ganzo, Dr. Mário Reis, Prof. Tasso Corrêa, Adeodato Araújo. Suplentes: Germano Heussler, J. Ennet, Alfredo Meneghetti e Pelegrin Filgueiras. Conselho Fiscal: Dr. Viterbo de Carvalho, Luciano Junqueira e Luciana Cunha.
Da mesma ata constou a notícia, das mais animadoras aos presentes, de já estar "quase instalado novo e potente transmissor da Rádio Sociedade Rio-Grandense, na Escola Complementar".
A Rádio Sociedade Rio-Grandense procurou seguir o modelo da época, implantado no Rio de Janeiro por Roquette Pinto. Radioamadorismo e associativo. Cada um de seus trezentos sócios deveria contribuir com mensalidade de cinco mil réis.
Nem sempre pontuais nas contribuições, os sócios deixaram a empresa com sérios problemas econômicos. Partiu-se para o debate sobre as conveniências ou não de se apelar ao comércio. Este foi voto vencido. Pretendeu-se fidelidade aos princípios exclusivamente culturais ditados pelo fundador da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro.
A Rádio Sociedade Rio-Grandense, por isso mesmo, não chegou a comemorar o seu segundo aniversário.
Os depoimentos colhidos, quanto aos receptores da época, 1924, em Porto Alegre, esclareceram que, além do razoável número de "galenas", já existiam receptores à válvulas, importados pela firma "Barreto Viana" ou comprados no estrangeiro, principalmente em Buenos Aires, por eventuais viajantes. A tais aparelhos eram acopladas cornetas metálicas, alto-falantes, sem condições ideais de sonoridade. Os receptores usavam energia de "pilhas", mais propriamente, "baterias", bastante volumosas.
Cel. Juan Ganzo Fernandez era não só um trabalhador mas, um sonhador voltado a grandiosas realizações.
Possuia uma enorme área verde entre a Rua do Menino Deus (atual Av. Getúlio Vargas) e Av. Praia de Belas, conhecida como "Vila Diamêla", nome de uma de suas filhas.
Em 1913 organizou, na Vila Diamêla, o 1º Zoológico Porto-Alegrense. Havia variada coleção de pássaros de vários portes, em viveiros adequados e artísticos, alguns lagos, sombreados por taquaras. Era muito variada a coleção de macacos, de sagüis nativos e até orangotangos africanos. Tinha também: tigres, leões, leopardos e ursos em jaulas especiais, camelos, elefantes e uma onça pintada vinda de Erechim, a qual era muito admirada.
No prédio fronteiro do Zoológico funcionava um cassino e um café concerto, inédido e atraente recanto nesta Capital.
Mais ou menos em 1925 foi fechado o Zoológico. Os animais foram levados para o zoológico de Montevidéu e Buenos Aires.
Certa ocasião, no centro do Zoológico, foi montada a ópera "Aida" (Verdi) por uma companhia italiana.
Nos fundos do terreno ficavam as oficinas da Cia. Telephonica Rio-Grandense e um grande galpão de madeira com canchas, onde os funcionários da Companhia Telephonica jogavam bocha.

Colaboração de Ivan Dorneles Rodrigues - PY3IDR
e-mail: ivanr@cpovo.net