Churrascada na Conferência de Torres, reunião entre os Governadores de RGS e SC. Juan Ganzo está a direita, e na esquerda aparecem Juan carlos Ganzo Fernandez (3º) e Adán Ganzo Duque (4º).
O Telefone
O Telefone no Brasil
O Telefone em Santa Catarina - Parte 1
O Telefone em Santa Catarina - Parte 2
Continuação...
Um dos lemas da Companhia era "ir de encontro às necessidades de expansão do Comércio do estado em geral, tratando de estender linhas e rêdes, apesar do encarecimento de todos os materiais usados e da alta da mão-de-obra." Esta foi uma das razões que a levou, em Setembro de 1940, fazer acôrdo de tráfego mútuo com a Empresa Sul Brasileira de Eletricidades (EMPRESUL), que possuia, na época, 132,919 quilômetros de linhas e 617 aparelhos instalados, sendo, depois da C.T.C., a maior empresa do estado, para resolver o intercâmbio de ligações intermunicipais e urbanas da cidade de Joinville.
O encarecimento dos materiais, que na sua maioria eram importados, e o alto custo da mão-de-obra, não foram as únicas causas que dificultaram as atividades da Companhia. Por muitas vezes ela tinha trechos de sua rêde apresentando defeitos de comunicação por causa dos contínuos roubos de seus fios de cobre, sendo este metal o motivo da cobiça dos ladrões. Para resolver este caso, passou a usar, então, fios de aço nos trechos assaltados. Outras vezes não era só na rêde que sumiam fios de cobre, no mercado eles também faltavam. Um dos maiores problemas da Companhia, por volta dos anos 50, foram as dificuldades de conseguir licença de importação, prejudicando assim, pela falta dos equipamentos, o bom funcionamento de todo o serviço, mas eventualmente foram contornados. As tarifas telefônicas para os serviços urbanos da Capital foram motivos de um outro problema. Por muito tempo a C.T.C. pediu ao Governo que as revisasse, pois passados 30 anos, desde a assinatura do contrato, em 5 de Dezembro de 1927, as tarifas continuavam as mesmas, isto é, até 60$000 para as grandes casas de negócios e 25$000 para particulares. A resposta para a solução deste caso veio em 5 de Novembro de 1956, quando foi renovado o contrato, entre o Governo e a Companhia Telefônica Catarinense, tendo a redação da Cláusula 21ª alterada, de maneira que ficava:
"facultado à empresa concessionária dos serviços telefônicos desta Capital, a periódicamente pleitear junto ao Governo do estado de Santa Catarina, uma justa revisão das tarifas telefônicas desta Capital, para atender a necessidade de melhoramentos e expansão desses serviços, bem assim, quando ocorrer substâncial encarecimento dos materiais e da mão-de-obra."
Além de ter renovado contrato, a C.T.C. marcou sua presença na década de 50, ligando o estado diretamente com o resto do Brasil e do mundo, através da RADIONAL; e também de ter ligado, por microondas, pela primeira vez, Santa Catarina diretamente com o Rio Grande do Sul, cumprindo assim o acôrdo firmado entre os Governadores desses dois Estados na Conferência de Torres em 1956.
A C.T.C. não chegou a automatizar todo o estado, muito menos, como já vimos, de ligá-lo todo. Depois de Florianópolis ter sido a primeira do estado a receber uma central automática, somente 9 anos mais tarde, em 1939, foi instalada a segunda central em Santa Catarina, na cidade de Blumenau. A automatização ocorreu paulatinamente, sendo que em Dezembro de 1959, apenas existiam as seguintes centrais automáticas instaladas pela Companhia, que ao todo representavam um total de 8.138 aparelhos: Florianópolis, Estreito, Blumenau, Itajaí, Lages, Rio do Sul, Brusque, São Francisco do Sul, Canoinhas, Tubarão, Porto União, Mafra, Rio Negro (PR), Caçador, União da Vitória (PR), Laguna, Jaraguá do Sul, São Bento do Sul, Videira, Curitibanos, Ibirama, Indaial, Tangará, Palhoça, Praia de Cabeçudas, Balneário de Camboriú, Biguaçú, Marcílio Dias, Rio Negrinho, Barra do trombudo, Joaçaba, Capinzal.
Mesa Berliner, instalada em Blumenau, 1945
Apesar de todos os esforços em manter e desenvolver o sistema telefônico, a C.T.C. estava com seus dias contados. Com a aceleração do desenvolvimento do estado, principalmente no setor econômico, se fazia necessário que as comunicações telefônicas também se aperfeiçoassem e se ampliassem na mesma intensidade, o que implicava em elevados investimentos, quase impossíveis de serem realizados pela iniciativa privada. A Companhia Telefônica Catarinense passou então a representar um entrave ao desenvolvimento de Santa Catarina, e o Governo do Estado, consciênte da importância da telefonia para a nova realidade catarinense, tomou a decisão de comprar a Companhia.
Em 25 de Janeiro de 1969, em Assembléia Geral Extraordinária, os acionistas da Companhia Telefônica Catarinense aceitaram a proposta do Estado e concordaram em vender seus bens, equipamentos e instalações em serviço.
Em 2 de Abril, o Decreto Federal nº 64.301 (D.O.U. de 07/04/69), autorizou a C.T.C. a vender seu acervo, assim como declarava caducadas as concessões outorgadas a esta Companhia tão logo se efetuasse a transferência dos seus bens ao Estado; dava ainda o prazo de 120 dias para que o Governo estadual estruturasse a empresa estatal substituta, "ao mesmo tempo em que autorizava a executar os serviços telefônicos anteriormente prestados pela C.T.C. enquanto estivesse em processo de organização a empresa estatal." Estas medidas só foram tomadas em 3 de Junho de 1969, quando do cenário catarinense desaparecia a Companhia Telefônica Catarinense, mas não seus feitos, e surgia a Companhia Catarinense de Telecomunicações (COTESC), uma empresa de economia mixta, sob a forma de sociedade anônima, criada através da Lei estadual nº 4.299, de 17 de Abril de 1969 e constituída, definitivamente, em 14 de Julho de 1969, no Governo de Ivo Silveira, que, posteriormente, em Setembro de 1974, no Governo de Colombo Salles, passou a denominar-se: Telecomunicações de Santa Catarina S.A. - TELESC.
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